baixarias


Está mais que provado que, no espaço que separa o público e o privado, algumas pessoas pensam que se situa uma latrina e que esse espaço é o seu ouvido. É um tal de gente que fala em público como se estivesse sozinha no subsolo de uma mina com 3.000 metros de profundidade que eu não aguento mais.

Exemplo? Precisei ir almoçar em um restaurante. Escolhi um bem tranquilo, com comida de boa qualidade e quase vazio. Ênfase no “quase”! Na cena, eu, várias mesas vazias e, do outro lado da sala uma mesa com 2 senhores e uma sujeita que falava alto e mais do que a boca.

Não bastasse a verborragia, a conversa, ou melhor, o monólogo, reverberava naquele vazio de uma maneira muito especial. Os assuntos, variações de um mesmo tema, enchiam o espaço com aquela voz arrogante, cheia de si, delirantemente propagandeando seus serviços de assessoria de imprensa ou coisa que o valha, alardeando que era a melhor assessoria para Petshop . Como os dois homens que a companhavam não tinham cara de Cesar Millan nem conseguiam interromper aquela torrente de chatices, precisei pedir para o garçom colocar a comida em embalagem para viagem e sair antes que minha força de vontade sucumbisse ao desejo de gritar CALA A BOCA PÔ!!, coisa que uma dama jamais deve fazer em público.

Nunca entendi porque a moça no ônibus, com celular grudado na orelha, conta detalhes da cirurgia de sua mãe, de seu relacionamento, da briga no trabalho, tudo em alto e bom som  de modo que todos os passageiros escutem.

Se estou em um espaço público, não me sinto obrigada a escutar que fulana é uma vaca que dá pra todo mundo e que fica dando em cima do namorado da sicrana que saiu com o professor da academia porque a namorada dele é uma bruxa que não se enxerga e não vê que é uma baranga e ele é um gato pena que seja gay porque você sabe que todo carinha assim bombado é viado e fica fazendo musculação só prá se exibir igual aquela idiota do 18º andar lá do prédio que só falta dar pros porteiros e quem sabe se não dá porque tem cara de garota de programa e depois fica fazendo cara de santa e…blá, blá,blá.

Para onde será que foram a discrição, o assunto particular, o bom senso, a educação? Devem ter morrido e estão enterrados junto com o Privado .

Desfruto do privilégio de poder ir à pé para o trabalho e todos os dias posso ser vista subindo as ladeiras do bairro e botando os bofes pra fora enquanto amaldiçoo as calçadas quebradas e cheias de calombos contruídos para facilitar o acesso aos estacionamentos. Jogo de cintura para contornar as mesinhas que bares e padarias descaradamente colocam sobre o que resta de plano nas tais calçadas também faz parte da minha rotina.

Outro dia, durante essa minha andança fui contemplada, à revelia, com a visão de pedaços variados de glúteos, mais ou menos cobertos por calcinhas  em tons esquisitos. Vi calcinhas no indefectível azul calcinha, rosa amassada, bege amarronzado, verde semáforo,  e uma de cor indefinida por conta do encardido.

Não, não me tornei lavadeira e nem vendedora de roupas íntimas. A fartura de bundas expostas exibindo partes daquele vão que separa uma metade da outra exposição foi por conta dessa moda medonha das cinturas excessivamente baixas. As moçoilas compram calças dois números menores do que deveriam usar e saem pela rua mostrando pneus abundantes, barrigas imensas e o que chamarei pudicamente de  “cofrinho”,  numa deselegância sem fim.

Para completar o quadro dão dois passos e uma puxadinha, porque a calça vai descendo e à cada movimento mostrando mais carnes e celulites. Fui me perguntando qual a razão desse gesto de recato já que se não quisessem mostrar a bunda os glúteos, poderiam comprar calças um ou dois centímetros mais alto nas cinturas, mas concluí que elas acham isso bonito.

Continuei meu caminho e pouco mais à frente encontro um discípulo de Neymar. Sabe aquela pessoa que vai ziguezagueando pela calçada, driblando todas as tentativas que você faz para passar á frente? Fintei para a direita, para a esquerda e nada! Já estava quase dando um carrinho no moço quando surgiu a oportunidade e passei por ele. Não pude evitar olhar assim meio de banda para ver o que distraía tanto o rapaz.

Ele ia feito barata tonta pela calçada porque lia um livro enquanto caminhava. Um livro com as páginas amareladas, com jeitão de antigo. Dei à ele o meu melhor sorriso, pedi desculpa pela ultrapassagem e continuei andando com o sorriso pregado na cara. Esse moço-leitor salvou meu dia.

Descobri a fórmula mágica para ter bunda grande (não que alguém queira isso): compre um monitor full qualquer coisa que “pegue” os canais de TV. Depois instale um ponto de TV a cabo ali, bem atrás do bichinho e voilá! Nunca mais você levanta da cadeira o que fará com que seu derrière aumente que é uma beleza.

Descobri também a fórmula mágica pra encher de inveja o seu coraçãozinho impuro: escute aquela sua amiga doida de pedra contar como conheceu o “grande amor da vida dela”. Depois fique matutando se o que ouviu aconteceu de verdade ou se foi invenção de um cérebro amalucado e carente. 100% de certeza que esse pensamento é fruto da mais pura inveja.

Outra descoberta: perua escolar que supostamente deve levar e trazer seu pimpolho em segurança é ilusão vendida à preço de barras de ouro. O motorista abre a porta do veículo cheio de crianças, desce, e vai fazer sei lá o que e onde. A porta aberta, a “perua” atravessada sobre a calçada, e a madame crente que seu bebê está cercado de cuidados e carinho. Fórmula mágica para uma (in)consciência tranquila.

Fórmula mágica para ter uma barrigona que não é de chop nem de gravidez? More sozinha, compre uma pizza grande que vem acompanhada de um refri 2 litros e sente para assistir o último episódio de Lost. Se você assim como eu não acompanhou a série toda e só está vendo o finalzinho pra ver como acaba, certeza que vai comer uns 10 pedaços da pizza sem nem perceber enquanto tenta entender o que está acontecendo naquela ilha do demo.

Sinto correr em minhas veias o sangue ancestral de Madame Min.

Sou do tipo “Consumidora Fiel à Marca”,  mas o fato é que nem sempre isso funciona a meu favor.

Ser fiel me fez dançar bonito e explico porque. Em fevereiro do ano passado comprei uma lavadora de roupas Consul (que é da Brastemp, uma marca que sempre respeitei), modelo Maré, 7,5 kg e adorei porque poderia escolher o programa adequado à tipos diferentes de roupa.

A danada funcionou bem por mais ou menos 10 meses e depois começou a não querer lavar roupas de cama e banho. Nessa programação o “enxague extra” e a “função super amaciante” deveria deixar meus lençóis e toalhas fofinhos e cheirosos, mas para minha decepção era aí que a máquina travava. Fui contornando o problema ligando e desligando a máquina da tomada elétrica para que ela, ao ser religada, continuasse a trabalhar “no tranco”. Funcionou algumas vezes outras não.

No início de janeiro chamei a assistência técnica e foi quando começou a maratona. Começa que temos que ligar para o Atendimento ao Consumidor, pagar pela ligação telefônica porque o número não é gratuito, e eles que acionam a assistência técnica. Leva no mínimo 2 dias para que o sujeito venha até sua casa e não marcam hora, obrigando o consumidor ficar disponível no “período comercial”.

Daí o técnico vem, gira os botões de um lado para o outro e com cara de entendido diz:

— Mas para essa função de amaciante a senhora precisa apertar o botão depois que lavou.

Respondo calmamente:

— Como assim moço? A máquina é automática e só preciso programar porque essa função faz parte do programa.

Recebo em troca um olhar entediado, mas o técnico faz uns ajustes e vai embora deixando a máquina “em observação”. Deve pensar que sou idiota, mas ok, vou testar. Coloco as roupas para lavar e, surpresa! trava novamente na mesma função e tenho que acabar a lavagem manualmente, lembrando sempre que é roupa de cama e banho, não lencinhos…

Como já é noite deixo para ligar para o Atendimento no dia seguinte e três dias depois volta o mesmo técnico que “analisa” e decide trocar uma peça. Descubro – depois que ele vai embora – que o problema ainda está lá. Mais uma vez retiro as roupas encharcadas  de dentro da máquina e termino de lavar à mão.

Com a paciência no limite volto a chamar o Atendimento ao Consumidor que manda outro técnico que por sua vez resolve trocar outra peça, mas a troca só será feita quando tiverem a peça em mãos, o que levará vários dias. Claro que trocar a preciosa e rara peça não adiantou nada! Programei a máquina e saí para trabalhar; quando voltei lá estava a infeliz travada tentando seguir a programação e bater minhas roupas encharcadas; não bati nela porque seria insano.

Em razão do exposto no parágrafo acima, fiquei realmente louca, mas já era noite e só me restava esperar! Na primeira hora do “período comercial” do dia seguinte ligo para o Atendimento ao Consumidor e conto outra vez toda a história. Peço para levarem a máquina e “testarem”  na fábrica deles porque à essa altura já estamos em fevereiro e o período de garantia acabou; não aguento mais lavar roupas à mão e a verba para pagar lavanderia não existe.

A moça que atende diz que tudo bem, mas que devo ligar para a Assistente de Fábrica para fazer essa solicitação. Ligo e a resposta é:

— Precisarei mandar um técnico até sua residência para fazer um laudo que será encaminhado para análise dos engenheiros e só depois poderemos fazer a troca.

Já estando à beira da internação em clínica especializada em surtos de ódio e indignação, pergunto se ela acha que estou mentindo quando digo que a porcaria da máquina não funciona, que o problema é sempre o mesmo, que ela pode olhar quantas vezes já reclamei, blá, blá, gggghhhrrrrrr. De nada adianta. Impassível a sujeita diz que esse é o procedimento e que alguém me ligará para agendar a visita.$%¨&*(&¨$#@!&”!!!!

Dias depois, como ninguém apareceu para fazer o tal “laudo” ligo novamente para a Assistente de Fábrica  que não atende o telefone; deixa sempre a secretária eletrônica ligada e gravando a irritação dos clientes. Deixo meu recado mas sou ignorada.

Vou para o Twitter e reclamo lá. Uso #ConsulFail várias vezes e então alguém me liga e diz que farão a troca em até 10 dias. DEZ DIAS!!! Avisa também que a Assistência Técnica me ligará para agendar a instalação!#%$#@&*¨*(!!!!!!

No início de março recebo uma ligação para agendar a entrega e instalação da máquina no período comercial, ou seja, das 8 as 17hs. Mais um dia perdido! %¨&%$#@!*()!!!!!

Entregaram e instalaram uma máquina idêntica à minha na quinta feira passada. Na sexta feira e no final de semana não lavei roupas porque depois de cortar o dedo e levar 3 pontos não estava muito propensa ao serviço doméstico. Ontem, segunda feira, lavei alguns lençóis com sucesso. Hoje coloquei camisetas para lavar.

O cachorro começa a latir. Vou olhar o que está acontecendo e encontro minha área de serviço inundada! A maldita máquina está jogando água para fora. A água sai pela parte de baixo da máquina e se espalha pelo chão molhando tudo, inclusive o banheiro do cachorro. Deve ser por isso que ele latiu indignado.

Quanto à mim, ligo para o Atendimento ao Consumidor e tento conseguir o telefone da moça que me ligou e autorizou a troca de produto.

Depois de mais de 5 minutos de espera a atendente informa que não poderá “estar me dando o telefone” nem “estar transferindo a ligação”. *&*&%$#!#%¨&(&*)(*)_*(!!!!

Ligo novamente para a Assistente de fábrica cuja secretária eletrônica me atende: “Fulana.PIIIIIIIIIII”; deixo um recado. Sem retorno, horas depois ligo para o telefone de Assistência ao Consumidor e a atendente quer saber qual o “procedimento que adotei”, quantas vezes usei o produto e bláh, bláh,bláh.  Perco totalmente a paciência e peço à ela para anotar na ficha de atendimento que irei denunciar a empresa junto ao Procon e aos jornais. Despeço-me educadamente  e venho terminar este post.

P.S: Os palavrões *&¨%$&¨*()%$##&%$+= são apenas para ilustrar o texto já que não os falo. Talvez devesse…

E a chuva não para de chover como disse o menininho na fila do mercado.

Ouvi no rádio que apenas em 1940 choveu mais que agora. Ouvi também uma propaganda política onde o candidato prometia resolver o problema das enchentes em São Paulo. Como sou um pouco tonta e ando irritada com a cara de pau desses sujeitos, fiz cara feia e respondi para o rádio: “Prometer é fácil, quero ver é fazer!!”. E já que estamos falando em chuvas, eles que tirem o cavalinho da mesma, caso estejam esperando meu voto.

Há anos que passo pelas marginais do Tietê e vejo a draga tirando areia do rio e amontoando nas margens. Sempre fico pensando pra onde vai aquela areia toda…Alguém me disse que volta para dentro do rio porque após ser retirada a areia permanece ali mesmo, nas margens, e que é por isso que as obras de dragagem são eternas e tão lucrativas. Não sei se é verdade ou não, mas que faz sentido, isso faz. O Rio Tietê continua não dando vazão às águas e qualquer chuvinha vira um inferno para quem precisa passar por suas marginais.

A Prefeitura veicula um “institucional”, também no rádio e afirma que nossa cidade foi construída entre rios “com pouca inclinação”; cita várias obras que dizem ter feito para resolver o problema das enchentes, apresenta aqueles números que sempre impressionam e  aproveita para falar que a população tem culpa porque joga sofá no lixo. Aliás, joga fora do lixo, como se todo mundo tivesse sofás sobrando pra tacar fora. Será que os sofás que estão por aí não vieram flutuando na enxurrada, junto com as camas, geladeiras, roupas, etc?

Falando sério, acredito que a população tem um pouco de culpa mesmo, porque saquinho de supermercado cheio de lixo largado pelas calçadas deve contribuir para o entupimento das galerias pluviais e papel atirado no chão também. Mas a limpeza dessas galerias, dos piscinões  ou a varrição das calçadas é feita com a frequência e cuidado necessário?  Sobre as calçadas é curioso observar que o que é varrido (quando o serviço é feito) é o meio-fio. Calçada, segundo a Prefeitura, é por nossa conta e isso deve ser porque o IPTU que pagamos é pouco, não é mesmo?

Conversando com um amigo, soube que na  Casa Cor que aconteceu em São Paulo alguns anos atrás, foi apresentado um piso permeável, feito à base de pó de cimento e resíduos vegetais. A água recolhida debaixo desse piso pode ser reaproveitada para uma série de usos e no evento eles fizeram fontes jorrando a água coletada. Porque será que ninguém pensou nisso quando refizeram as calçadas da Avenida Paulista? Pode até ser que esse tipo de piso custe um pouco mais, eu não tenho essa informação mas, a longo prazo certamente esse custo seria absorvido pelos benefícios que acarretaria (coletar a água para lavar as calçadas ou molhar os jardins, por exemplo).

Quando se constroem os imensos shopping centers e condomínios verticais, alguém se preocupa com a permeabilização do solo ou só interessa construir aqueles edifícios imensos e de gosto duvidoso? Contorna-se o problema do impacto ambiental apresentando os prédios para aprovação um por um o que gera uma metragem quadrada menor, segundo reportagem do jornal Folha de São Paulo. O jeitinho e a esperteza de alguns brasileiros continuam firmes e fortes.

É tanta coisa errada e tanta coisa para reclamar que talvez só dando um passeio pela chuva para esfriar a cabeça e não cansar o eventual leitor com um post sem fim. Fui.

Não sei se são os hormônios, o efeito estufa ou alguma conjunção astral desfavorável, mas o fato é que não estou com paciência para a falta de educação que se esparrama, feito batatinha quando nasce, pelo chão virtual e real.

Fiquei abestalhada ao ler um post onde a vizinha de apartamento, que reclama de barulho, foi chamada de “velha escrota e mal amada”, que devia “comprar um vibrador e ser feliz”; a blogueira  também questiona  o que a tal senhora  “está fazendo acordada a esta hora”.  Tentar fazer menos barulho, nem pensar. O que vale é insultar e usar para isso todo o arsenal de preconceito disponível.

Na  padaria, comprei várias coisas e fui pagar com o cartão de débito que, suprema modernidade, tem chip. Não passou o débito e a caixa pergunta: “esse cartão é da senhora mesmo?”. Parecia estar pensado que roubei o cartão e fui lá comprar pão, leite e refrigerante.

Fui ao supermercado e na hora que estou passando as compras, um rapaz se aproxima e joga no balcão do caixa, no meio das minhas coisas, um pacote de mortadela e um pãozinho. Fico zangada e pergunto o que é aquilo e porque ele não espera a vez para passar sua compra. O grosseirão, que ao que parece é funcionário do mercado,  me olha ameaçador e diz: “fica na sua!”. Que me sirva de lição para ficar bem longe desse estabelecimento que de barato não tem nada, e apesar de ter futuro no nome, é um dos mais retrógados que conheço.

Na região da rua 25 de Março existem muitas lojas que vendem bijouterias mais em conta. Semana passada vi uns colares legais e, com cuidado para não danificar a etiqueta, coloquei um no pescoço para ver como ficava. Do fundo da loja a funcionária do caixa gritou: não pode experimentar! Não bastasse os 3 seguranças com cara de poucos amigos que vigiavam as clientes com olhos de águia… Não há preço baixo que justifique.

Voltando à blogosfera, as vezes o twitter parece a latrina de um bar de quinta categoria. Jogam-se ali palavrões, comentários escatológicos e frases preconceituosas como se o mundo fosse acabar e fosse necessário gastar todo o arsenal de grosserias que cada um tem.

Longe de mim querer ditar regras. Posso parar de frequentar os estabelecimentos onde não sou bem atendida, ignorar o blogueiro/blogueira mal educados e bloquear pessoas no Twitter, mas isso resolve o problema? Em outros tempos se diria que não há sabão que chegue para lavar tantas bocas…

Por volta de uma da madrugada toca o telefone.

Atendo preocupada porque nesse horário as pessoas só ligam para duas coisas: convidar para a balada ou contar notícia ruim; ninguém vai me ligar tão tarde para um papinho amigável. Já que não sou baladeira, resta notícia ruim…

– Alô

Uma voz de bêbado: Jú?!!!!

– Não senhor. O senhor se enganou…

Hummm…Click.

Toca de novo. E o bêbado mais bêbado ainda:

– Júúúnhnun?!!

– Não. O senhor está ligando número erra..

Click.

Dez horas da manhã. Estou lavando roupa (no tanque porque a lavadora quebrou), os pedreiros estão pondo minha cozinha abaixo e o gato resolveu miar feito um doido porque quer que alguém abra a torneira para ele beber agüinha fresca e corrente.

– Alô!

– Alô, eu gostaria de falar com a dona da casa.

– Quem está falando por favor?

– A senhora é a dona da casa?

– Olha meu senhor, estou muito ocupada então me diga, por favor, quem é  e o que quer.

– Ahhh. Perdi a vontade de falar com a senhora…Click

Acho que em alguma outra encarnação devo ter furado muito olho de passarinho.

Só isso pode explicar gente tão idiota ligando aqui em casa. Ou será que é falta de educação mesmo?

Querido (ou não, tudo vai depender da sua resposta) Papai Noel

O senhor deve trocar figurinha com seu Superior porque sabe tudo o que a gente faz durante o ano. Por isso não preciso contar que fui uma pessoa legal, pratiquei boas ações, defendi as criancinhas, os velhinhos, os bichinhos  e as plantinhas.

O senhor está informado (Ele deve ter contado) que num momento de loucura decidi fazer uma reforma básica do piso aqui no apê na tentativa de não matar meus cachorros mijões de não estressar quando meus animais de estimação fazem suas necessidades aquáticas pela casa toda .

Mas o senhor sabe, uma coisa puxa outra e precisei fazer também uma reforma na parte elétrica da cabana. Fiquei super falida feliz porque pensei que iria resolver o problema dos milhares de fios pretos esparramados debaixo da mesinha de trabalho.

Doce ilusão, querido velhinho! O que consegui foi um novo problema : o governo aprovou a fabricação de uma tomada num formato esquisito, que não aceita quase nenhum dos plugues existentes. Resultado: a medida favorece só os fabricantes de tomadas e “adaptadores”. Pra esses o senhor nem precisa dar presente; já receberam antecipado.

Continuo com o problema antigo e acima está a foto que é auto-explicativa.

Então Papai Noel, o que quero de presente neste Natal é simples: um computador igual  á esse ai do lado. Já falei sobre ele. É fabricado pela Dell, chama Studio One 19 e custa uma bagatela (para o senhor que não está reformando o Pólo Norte, é claro).  Está vendo que ele não tem fio? Está vendo que tem na cor vermelha? Está entendendo que com tudo o que gastei na maldita reforma fiquei sem dinheiro para comprar? Dá para entender que não aceito desculpas?

O senhor tem meu enderêço e pode mandar entregar antes do Natal se quiser. Se fizer isso continuarei a ser uma boa senhora e pode ser que até doe o meu PC aranha para uma instituição de caridade.

Se não fizer deixo de acreditar na sua existência e, quando meus futuros netos perguntarem à seu respeito,  vou me fazer de louca e responder “Sei lá! Se existe não entende nada de computador”

Cada vez que reclamo sobre alguma coisa da reforma escuto de volta: “ah é assim mesmo!

Flávio, o empreiteiro, disse que na primeira semana vai tudo bem, na segunda algumas coisas começam a incomodar, na terceira o stress é grande e na quarta, finalmente a paciência do cliente acaba. Deve ser por isso que sempre pedem um mês para executar as obras; na hora da explosão fatal tudo já deve estar quase terminado. No momento estamos na quinta semana, o que pode dar uma idéia do clima reinante.

Batendo de frente com um prestador de serviços cujo método de trabalho não me agradou, e que insistiu em ter razão ignorando qualquer argumento contrário e encontrando desculpas para fazer as coisas à sua maneira, explodi na segunda semana…

Depois de mais duas semanas de paciência só restou trocar de profissional enfrentando o risco de ter uma pessoa nova para assumir na reta final e terminar o serviço. Por isso é bom ter um empreiteiro: eles sempre trabalham com várias equipes e podem fazer a substituição quando necessária.

O que fazer se uma empresa não entrega a peça encomendada sob medida? Como agir se a cada vez que ligamos ouvimos a garantia de que “até o final do dia” ou “no máximo ate amanhã” o problema estará resolvido, mas os dias vão passando e nada da encomenda ficar pronta? Cancelar? Gritar? Xingar a mãe do gerente, do vendedor, do transportador? Sentar no meio do caos e chorar?

Por conta de um maldito e fedorento esmalte sintético da Coral estou dormindo novamente no sofá “pé pra fora”. Essa tinta foi aplicada na porta do quarto para “resolver um problema” e, mesmo depois de 4 dias, o cheiro continua insuportável, me obrigando a ficar o mais longe possível! É por isso que só uso tintas à base de água: elas não têm cheiro, não me dão dor de cabeça nem náusea e não provocam alergia. Me arrependo de ter acreditado nos argumentos do pintor (que era da equipe daquele que dispensei)…

O que mantém minha sanidade são os vislumbres aqui e ali de como tudo vai ficar lindo quando estiver pronto.

Assim nem vejo as várias tomadas elétricas pulando pelos buracos da parede, nem a solitária lâmpada pendurada no teto de minha sala por um único fio, nem as 9 portas que estão à espera de pintura (à base de água, of course), nem a torneira da pia da cozinha que foi retirada e não recolocada (no lugar está uma torneirinha provisória que não pode ser usada).

Também tento não me preocupar com a bancada de vidro do banheiro que não há meio da “SOS Vidros” entregar, nem com os armários da cozinha que estão reformados pela metade e espalhados pela casa, nem com o escritório que ainda não foi pintado.

Procuro não pensar no armário do banheiro que não foi orçado até agora porque depende da bancada de vidro que não foi entregue, nem na falta de finalização da colocação dos azulejos, da pia e da torneira do banheiro que dependem da famigerada bancada de vidro, nem no transtorno que será hospedar por dois dias os cachorros em hotel e eu com 3 gatos na casa da minha irmã (que tem uma gata velha e cega),  para que possam aplicar Epóxi, que tem um cheiro insuportável, nos azulejos da cozinha, nem………BBBUUUMMMMMMMMMMMMM!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Começo a acreditar que a sexta-feira atrai mesmo um pouco de azar.

Aparentemente esse é o dia da semana que trabalhadores em geral dedicam para enfrentar “sérios, inesperados e inadiáveis problemas particulares” que os impedem de trabalhar.

Deve haver causa esotérica poderosa, muito além da minha tosca compreensão, justificando esse fato.

Para evitar que a esperança de terminar certas obras  no prazo combinado continue sendo destroçada com um simples telefonema (e as vezes nem isso), estou quase sugerindo que, seguindo o exemplo de nossos sábios representantes em Brasília, a semana acabe na quinta feira.  Assim ficariam 4 dias mais ou menos úteis para os prestadores de serviços cumprirem suas promessas.

Evitaria muito stress, mas por outro lado, limitaria o uso da imaginação e criatividade de alguns. Estarei condenando grandes talentos ao ostracismo?

Próxima Página »