Vou direto ao assunto: tenho uma dificuldade gigantesca em memorizar nomes de pessoas, de ruas, de filmes e coisas do gênero. Posso explicar direitinho quem a pessoa é, onde ela trabalha, a cara que ela tem, roupas que usa, mas o nome nem pensar.

Quando quero lembrar o nome de algum ator ou atriz sou capaz de lembrar os filmes, os enredos, os personagens. Então fica uma coisa assim: aquele ator, bandido- médico-surfista-fantasma, que já morreu… Se minha filha estiver por perto, ela dirá: o Patrick  Swayze, né mãe?

Antes que alguém me chame de esclerosada, saibam que esse é um problema que acompanha minha família pelo lado paterno há gerações. Minha avó, tias, tios e meu próprio pai, sempre misturaram os nomes da criançada da família. Para a molecada era normal atender pelo nome de outro quando a vó chamava; é uma coisa genética.

Com essa memória de jaca escolhi a profissão de secretária, quando carregar uma agenda de papel era coisa chique e aproveitando a moda sempre anotava tudo; depois marcava com canetinhas coloridas porque não podia esquecer nada.

Minha formação acadêmica é, vejam que adequado, História. A sorte foi que quando comecei a cursar a faculdade o que valia era entender o “contexto”, a “tessitura”,  “o comportamento social”, o “embricamento”, e não decorar datas e nomes.  Entender as fofocas e os babados históricos “dentro de um contexto social”  permitiu que eu me saisse razoavelmente bem.

Hoje tudo mudou. Agenda agora é o netbook, o celular, o smartfone, o ipod. As redes sociais inundam minha timeline com arrobas que preciso reconhecer. O Facebook oferece fazendas, cafés, cidades de fronteira e outros jogos on line.

Imaginem quantas vezes não enviei uma vaca de presente para aquela senhora americana que é vegetariana convicta e tem um café, não uma fazenda.

Não faço idéia de como superar esse problema, nem de como marcar com canetinha colorida minhas anotações no smartfone. No netbook já consigo…

Tentei o método divulgado por um político que segundo as más línguas roubava mas fazia, não tinha dinheiro no exterior, é casado com uma senhora que usa um litro de laquê nos cabelos e elegeu um prefeito em São Paulo. Esse método ensina a relacionar as pessoas à alguma coisa para depois lembrar o nome delas. Como podem perceber, lembro do político, das fofocas e do método, mas esqueci o nome do sujeito.

Estou contando isso tudo só para me desculpar antecipadamente com você, amigo ou amiga de rede social, cursos em geral, antigos empregos, vizinhos, namorados, etc.. Nunca pensem que o fato de não lembrar de seus nomes seja pouco caso ou esclerose. Lembre-se que é genético!